sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A VIDA PARA UMA BARATA É CARA


Às vezes a gente assiste nos programas de TV quadros que mostram exemplos de superação. Ora é o paratleta sem pernas e braços que, mesmo assim, disputa o salto com vara, ora é a garota de 15 anos sobrevivente de uma leucemia, um atropelamento de caminhão e um tiro de fuzil AR-15. O que ninguém vê são baratas ilustrando quadros desse tipo. Porém, são elas o exemplo perfeito do que é espírito de sobrevivência. Afinal, você nunca verá um ser humano rastejando por aí com seu intestino do lado de fora nem vivendo por uma semana após ser decapitado – e quando acontece isso com a dona barata, ela morre de sede, mas é porque ainda não descobriu o canudinho.

Elas não mudaram muito sua aparência em milhões de anos. Enquanto os dinossauros tomavam porrada de asteroides na cabeça, as baratas desfrutavam de sombra e água fresca, vendo tudo acontecer como num grande espetáculo pirotécnico.

Esses insetos, alvos do mais profundo asco dos seres humanos - principalmente por parte das mulheres - são extremamente ousados e fazem uso até de psicologia inversa para confundir seus algozes. Todo ser, ao sentir-se acuado, corre, corre o mais rápido e para mais longe que puder do perigo. As baratas, filhas da puta que são, investem contra você, vão direto na sua direção, acuam seus pés, enquanto se segura o chinelo com a mão.

Baratas já foram estrelas de filmes de terror, de comédia e ganham cada vez mais espaço no coração e nas vulvas das raquíticas atrizes pornôs nipônicas. Elas estão por todos os lugares, por todos os espaços, frestas, buraquinhos e vãos. Elas são capazes de digerir celulose, de abocanhar seus livros e suas memórias. Não importa o quão sujo, o quão limpo, o quão pobre, o quão rico você seja, sempre haverá uma barata na espreita.

Talvez a insistência das baratas em se proliferar e continuar vivas – o que nos tira do sério -, seja a lição que faltava para aquelas pessoas não mais capazes de se consternar com exemplos humanos. Tenha a barata como referencial. Cada obstáculo percorrido é um tubo de Baygon vencido.

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