domingo, 7 de março de 2010

Paralela


Depois de um dia amargo,
caminhava pelas ruas de mercúrio.
Carregava o mesmo fardo
no silêncio sem murmúrio.

Aí vem você. Do nada vem.
Pequena, perfeita para meus braços.
Vem como se fosse um trem.
Sei que faço um laço.

Um abraço meio contido,
um olhar só periférico.
Meu coração fica aguerrido.
Crio em ti novo mistério.

Dois minutos de palavras esparsas,
talvez sem importância para você.
Minha mente toma asas, ainda bem
que ninguém as vê.

O que é amor à primeira vista?
É aquilo que se paga a prazo ou
é aquela placa de “invista”?
Podemos ter um caso?

Deveria ter te espiado mais.
Agora não sei bem te descrever.
São coisas que a timidez nos faz,
mas ainda me lembro de você.

O nome me deixou em dúvida.
Não o ouvi muito bem.
Pensei pelo resto das horas, mas
que importância isto tem?

Acho que os olhos eram pintados
castanhos daqueles cor de mel.
Teus braços em volta do meu corpo e,
ah! eu estaria de novo no céu.

Paramos. Fomos nos despedir.
Quem sabe o tempo não congela?
Você disse: “Minha casa é aqui”.
Agora eu passo e olho pela janela.

Nunca ninguém visível,
só a luz do quarto acesa.
Penso como seria incrível,
se eu gritasse: apareça!

Mas eu nunca te visitarei.
Rodeio-me com a solidão
e dela me sinto rei
trafegando por lei na contramão.

Queria cantar pra ti assim
um pouco bêbado, atrapalhado.
Queria cantar que nem Jobim:
“Vem cá, Luiza”, vem do meu lado

mas teu nome é diferente.
Não importa como a gente chama,
importa é como a gente sente.

2 comentários:

Gabriela Leite disse...

Igres quer casar comigo??

mariane disse...

que bonitinho! :)