sábado, 3 de julho de 2010

Unidade Imaginária


Queria te falar em francês,
mas sempre parece grego.
Acho que descobri que
sonhos fragmentados nada
mais são do que pequenas
unidades de desilusão.
Talvez se a gente se
fotografasse todos os dias,
talvez, perceberíamos com
o tempo um sorriso que murcha,
que não vence mais a gravidade.
Os mapas dos lugares que eu
pretendia visitar estão ficando
desatualizados. Vai tudo ficando
de lado. Fora da rota.
Sinto-me mal por não gostar
dessas pessoas, mas elas são
tão lugar. Elas todas são
cidade sem turismo.
Perco-me pensando em furos
no tempo e no espaço, em
realidades paralelas. Fico
pensando em sair para contar
as estrelas, deitado sobre um
refrescante gramado.
Penso e escrevo, como agora.
É um fio de esperança, de insistência
burra e cega, de tolice em achar
que o meu individualismo vale
alguma coisa.
Será que você aí sabe da leveza
e fragilidade desses pensamentos?
É capaz de perceber o trânsito que eles
atravessam antes de nascerem
para o caos?
Com um cumprimento, com uma
campainha, com um outro alguém,
eles se dispersam, se desorganizam
e transformam-se em simples e
pequenas unidades. Desilusões.

2 comentários:

Rafaela Gimenes disse...

Sua poesia é prosa.

Igres Leandro disse...

Na maior parte! Parece que fico mais livre assim.